
Daniela Mercury, 53, e sua esposa, Malu, 42, estiveram no Congresso Nacional na manhã desta segunda-feira (24) para serem homenageadas em sessão solene pelos 50 anos da revolução de Stonewall nos EUA, realizada pela comunidade LGBT contra a invasão da polícia em 1969 ao bar Stonewall Inn, em Nova York. A sessão foi transmitida para o público pela TV Câmera.
Na ocasião, Daniela disse que se sentia honrada em falar pela comunidade LGBTQ+, e lamentou a falta de direitos, mesmo estando vivendo dentro de uma democracia.
— Eu era casada com homens e quando casei com Malu, perdi todos os meus direitos — lembrou, citando como exemplo a questão dos nomes das mães no RG dos filhos.
— Vocês entendem a inversão? Que loucura. Como as pessoas não têm seus direitos básicos contemplados? Como, dentro de uma democracia, deixamos isso acontecer?
Malu pontuou:
— São coisas pequenas, simples, que parecem inofensivas, mas que causam um profundo constrangimento à nossa família, à nossa comunidade LGBT.
Daniela, que se apresentou neste domingo (23) na Parada LGBT+ em São Paulo, disse que “não existe argumento para homofobia” e incentiva a celebração do orgulho de “sermos quem somos”.
Ela aproveitou para dizer que a Parada mostra como a sociedade está mais atenta, demandando que os políticos ajam e criem politicas públicas que contemplem toda a população brasileira.
— Não é fácil para nós, ativistas LGBTs, trabalharmos o ano inteiro, fazermos as coisas acontecerem. Precisamos de muitas rebeliões, muitos ‘stonewalls’, esse movimento contínuo na sociedade, para que a democracia se efetive e equalize o direito de todos — disse.
A cantora ainda afirmou que sempre se sentiu livre, e que hoje se vê “maravilhosa, uma lésbica inteligentíssima, talentosa e de sucesso”. Em contraponto, lamentou que tenha escutado por anos que a homossexualidade é uma doença, um pecado, ou simplesmente que “não é certo”. “É certo sim, e eu sou muito feliz”, disse.
— Que cada um comece a lutar para quebrar as paredes construídas pela sociedade, principalmente sobre o amor próprio. Nos marginalizaram, e continuam a fazer isso à luz do dia, num país democrático — disse.
— Vamos continuar a pressionar.
Ao final, emocionada, Daniela convidou os presentes a ficarem de pé e entoarem “Canto Da Cidade”.
— A gente tem que se celebrar. […] Obrigada pelo esforço, pelo sofrimento. E desculpe pelo sofrimento que tantos passaram ate hoje.
Malu também falou com os deputados presentes, dizendo que nunca foi uma opção viver escondida.
— Nunca foi uma possibilidade de vida, viver nas sombras. E poucos meses depois que estávamos juntas, anunciamos para o mundo, através do Instagram dela [Daniela], que estávamos casadas no nosso seio, no nosso sentimento mais profundo. Mas a gente não podia se casar como todos os casais heterossexuais podiam.
Ela disse que, depois, as duas conseguiram se casar no civil, e que, apesar de não precisarem daquilo, “o casamento foi um ato político”. No ato, as duas escolheram manter os sobrenomes de suas mães -Verçosa, da mãe de Malu, e Mercury, da mãe de Daniela.
— É preciso fazer leis específicas que garantam a criminalização da homofobia — pediu.
— É a partir das instituições públicas que as privadas começam a agir. Que a agente tenha os mesmos direitos que os casais heterossexuais.
Por fim, ela fez um pedido aos deputados presentes, para que enxerguem e protejam os LGBTs, e finalizou beijando a esposa.
Leia também:
Gay Friendly: conheça famosos destinos gringos LGBTQI
Lady Gaga incentiva Príncipe William a ajudar LGBTs desabrigados