
Vida e liberdade, participação política, social e econômica, privacidade, família, ciência, saúde e integridade são alguns dos elementos que representam as conquistas da mulher. E tudo isso tem refletido diretamente na moda. Cores, estampas e modelagens representam a luta feminina para conquistar espaço e direito de igualdade.
Em uma sociedade em que a mulher ainda precisa lidar diariamente com assédio e preconceito, se aceitar e aceitar ser como se é, parece uma tarefa difícil. Diante disso, e na contramão de algo que esteve presente durante toda uma história, os movimentos comportamentais aparecem como um grito de liberdade para a mulher moderna.
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Atenta a essa realidade, marcas aderem a esse conceito de valorização do feminino e de empoderamento. A catarinense Lança Perfume reforça em sua coleção esse posicionamento. Com inspiração na escritora Clara Campoamor – reconhecida por importantes conquistas na Espanha, e que se manteve ativa até o fim da vida em busca de igualdade e justiça – a marca aprofundou sua campanha Verão 19 em uma das causas mais importantes da história da sociedade: a declaração dos direitos da mulher. O líder de estilo da marca, Henrique Farias, conversou com a revista Versar sobre o assunto. Confira a entrevista:

Qual a importância de trazer o tema do empoderamento feminino para dentro de uma coleção?
O empoderamento feminino é um dos assuntos mais falados nos dias de hoje. Falar sobre os direitos e a igualdade feminina é uma forma de trazer esse universo das mulheres à tona, e nada melhor do que expressar todos esses sentimentos e conquistas em uma coleção, onde conseguimos abranger toda importância desse posicionamento, com códigos de moda.
Como a moda pode ajudar no processo de empoderamento?
A moda possui papéis fundamentais, e não é de hoje. Se olharmos para alguns anos atrás, poderemos nos lembrar que a estilista francesa Coco Chanel consolidou a possibilidade de o guarda-roupa feminino conter muitas peças do universo masculino, como a calça. O espartilho também ficou no passado, entre outros momentos que na verdade falam sobre o direito da mulher ter liberdade a suas próprias escolhas. E a moda continua tendo seu papel nos dias de hoje. Ela é o cartão de visita de toda mulher. Através dela, todas conseguem transmitir quem são, o que pensam, o que sentem e como querem ser tratadas. Além de toda parte psicológica que pode ser influenciada. Entregamos através da moda todas as ferramentas para a mulher poder se “criar” e se descobrir. Ela pode ser quem ela quiser ser através da roupa.
As modelagens para este verão seguem a tendência de liberdade e de quebra de padrões?
Sim. O tema está alinhado a todas as tendência e novidades do mundo fashion. Temos muitos aspectos que demonstram essa queda de paradigmas. Fluidez, assimetria, modelagens desconstruídas. Porém, todos esses códigos são traduzidos de forma que “converse” com o público da marca. A liberdade de escolha da mulher está justamente ligada a isso. Ela pode, por exemplo, optar por não querer quebrar os padrões, a liberdade de escolha é isso. Por isso, a coleção é constituída não só por todas essas tendências de modelagens, customizações e estampas que quebram o padrão, como também as clássicas que sempre fizeram parte do universo da
mulher e da marca.
Vamos ver nesse verão a troca do ‘sexy’ pelo ‘comfort’, a chamada desconstrução da silhueta?
Sim, porém não como um todo. Procuramos sempre trazer à coleção elementos novos, e trabalhar as tendências de acordo com o perfil da marca. E a opção pelo comfort nada mais é do que isso. Desde que essas peças confortáveis, usáveis e práticas do dia a dia começaram a se reinventar, vimos uma procura que cresceu gradativamente no mercado. Somos uma marca feminina com a essência sexy muito forte. Não haverá troca de estilos, e sim, todos eles atrelados às tendências, sem deixar de existir, compondo a nossa mulher e trazendo ainda mais possibilidades para ela criar e se expressar.