
Talvez por esta informação, seja tão comum encontrarmos em vinícolas, como a famosa Muga, um setor exclusivo de produção de barricas de carvalho.
Dois processos bem importantes na fabricação das barricas de carvalho são: A limpeza com água, para retirar os fortes taninos solúveis em água, deixando apenas os solúveis em álcool; E a tosta da madeira, que vai de suave a forte, implicando em aromas que transferem ao vinho tons de baunilha ao tabaco.
Nesta foto, é possível notar os 4 tipos diferentes de tonalidades, provenientes da queima dos barris por dentro.
Marques de Riscal foi o pioneiro em trazer estes processos a Espanha e posteriormente Marques de Murrieta aderiu a prática. Visitamos estas duas empresas e contamos a experiência mais para frente neste post.
Começamos nossa trip em Haro, a “cidade das luzes”, por ser uma das primeiras 2 cidades a possuir luz elétrica na Espanha, a outra foi Jerez de La Frontera.
Em Haro, existe uma área chamada Herradura, onde você caminha por bares que oferecem vinhos por taça, pinchos e muitas Tapas.
Levamos ainda um exemplar de 1973 para casa. Nada mal para um vinho de 46 anos.
Conversando com o dono, ele faz um tour pela bodega subterrânea, centenária, que faz parte do complexo do restaurante.
La Rioja recebeu a primeira designação de origem da Espanha, em 1925. Apenas em 1991, os vinhos receberam a designação D.O.C.
A área é divida em 3 regiões, Rioja Alta, Rioja Baja e Rioja Alavesa. Sendo que Rioja Alta é a área mais interessante, principalmente as cidades de Haro e Logroño.
As uvas permitidas para o D.O.C tintos são: Tempranillo, Garnacha, Graciano, Mazuelo, Corinna, Maturana tinta, Maturana e Monastrelli.
Sendo a Tempranillo a estrela do espetáculo, se não está sozinha no vinho, provavelmente conta com mais de 80% do blend.
Tempranillo equivale a 75% da área plantada de Rioja, casca dura, cor preta e amadurece cedo, por isso é chamada assim.
Os brancos estão revolucionando o mercado, principalmente as versões refrescantes de Alvarinho.
É importante entender a classificação:
Rioja Jovem, muito jovens, geralmente sem madeira ou menos de 12 meses em estágio.
Rioja Crianza, 12 meses em madeira, e só pode ir ao mercado após o terceiro ano.
Rioja Reserva, 12 meses em madeira, 24 meses em garrafa, comercializado após o quarto ano.
Rioja Gran Reserva, 24 meses em madeira, 36 meses em garrafa e que só pode ser comercializado após o sexto ano.
Esta classificação deixa os vinhos de Rioja bem marcados pelo carvalho. Os melhores produtores alcançam um equilíbrio entre fruta e madeira, entregando elegância reconhecida mundialmente.
Lembrando que o Rioja Classico é um blend contendo mais de 75% de Tempranillo e envelhecido em barricas Americanas. Esta é a forma antiga de vinificação, pois os tops de Rioja, quase que inevitavelmente seguem as técnicas francesas, e consequentemente, envelhecem em barricas francesas novas.
Se quiser algo mais aromático, busque os cortes de Tempranillo com Graciano.
No meio de tantas vinícolas a escolher, quais a visitar? Bom, passamos a lista que escolhemos, nestes 5 dias por Haro e Logroño.
Em Haro, você pode ir visitar as maiores a pé. Escolhemos as principais, que ficam praticamente uma na frente da outra: Muga, La Rioja Alta e Viña Tondonia.
Muga foi fantástica, e produz um dos melhores vinhos da região. Entre as experiências oferecidas, está até um passeio de balão. No bar, você pode provar quase toda a gama de vinhos da marca.
Os vinhos são clarificados ao estilo francês, sendo usada a clara de ovos frescas no processo de clarificação. (Isso mesmo, ovos! Sorry, veganos!)
A cada 100 litros de vinho, é preciso de 2 a 3 claras frescas, que batidas e misturadas com um pouco de vinho, são despejadas dentro do barril. A clara “ agarra” as impurezas e clarifica o vinho, que é separado dos sedimentos e movido a outro barril.
Nesta rua, prepare-se para engordar uns 5 kilos em dois dias! Inúmeros vinhos especiais por taça, pequenos e grandes produtores, uma das melhores tapas da Espanha, que incluem batata brava e champignons como pratos locais a serem provados.
Vamos aos restaurantes, ou bares, considerados imperdíveis em Logroño.
1 – Pasíon por ti – Provar o TRUFOIE, Parmentier trufado com ovo em lenta cocção, foie fresco e azeite).
A harmonização perfeita é com o Viña Tondonia branco, o único vinho branco produzido pela casa. Fica simplesmente 10 anos envelhecido em Barricas velhas, dando um toque quase que oxidativo ao vinho, podendo ficar outros 10 anos em garrafa. Raridade para um vinho branco.
Esta foi disparada, a melhor combinação tapa/vinho de Rioja.
2 – Jubera – Provar as famosas Batatas Bravas. Prato único do bar e considerada a melhor de Rioja.
No Tastavin provamos o Roda I, um dos Ícones de Rioja.
Vamos dar uma noção das outras vinícolas que visitamos, entre haro, Laguardia e Logroño, que foram escolhidas a dedo!
Como toda viagem, muita coisa fica para traz, não se pode visitar todas e sempre fica um gostinho de quero mais. Vamos a elas:
1 – Marques de Riscal
A visita conta com um vídeo muito explicativo, que só ele já valeria o passeio. Mostra cada processo de produção e como atua a famosa máquina de seleção óptica, que seleciona formato e cor das uvas por computador. As que não estão no padrão, são expulsas da mesa de seleção por um jato de ar comprimido.
A empresa possui 5 milhões de garrafas e exportam para 100 países.
O vinho servido na degustação é o Reserva.
Talvez a marca mais popular de Rioja, com vinhos de qualidade muito boa desde os vinhos de entrada.
Generación MC (leveduras indígenas e maceração carbónica), 100% Tempranillo e Gaudium (95% Tempranillo e 5% Graciano, com vinhas de até 120 anos, 18 a 20 meses barricas francesas novas e 2 anos mínimo em garrafa antes do lançamento), foram os destaques da degustação.
Com certeza uma das bodegas mais impressionantes em termos arquitetônicos e de como cuidam das uvas após a colheita.
Com grande influência de Burgundy, grande capacidade de envelhecimento e destaque para o 100 pontos Robert Parker, para o Viña real Grand Reserva 1959.
Todo o processo de transporte das uvas, mosto, suco e vinho, é feito sem bombas, ou seja, por gravidade, com a finalidade de agredir o menos possível o vinho.
Um dos ícones de Rioja, o castelo foi construído no século 19, por Luciano Murrieta, um dos pioneiros em trazes as técnicas francesas a região de Rioja. A construção é cercada com ais de 300 hectares de vinhedos próprios com Tempranillo, Mazuelo, Garnacha, Graciano e Viura. Note que a uma pequena parcela de Cabernet Sauvignon, uva não autorizada pelo D.O.C. Rioja. Porém, como Murrieta cultivava a uva antes das regras de Denominação de origem serem colocada em prática, eles foram os únicos a serem autorizados a colocar Cabernet Sauvignon em seu blend e ainda terem a D.O.C. Com isso lançaram o vinho Dalmau, que consiste em 75% Tempranillo, 15% Cabernet Sauvignon e 10% Graciano. Um vinho potente e elegante, que mantém muita fruta, mesmo após o seu estágio em barricas francesas.
A surpresa mesmo ficou por conta do branco, Capellanía 2014, 100% Viura, passam por um leve contato com as cascas e descansam por 15 meses am barricas francesas novas. Um dos melhores brancos que provamos na região.
Bodega Faustino é um dos Ícones de Rioja, possuem o mesmo winemaker desde 1960 e seus vinhos mantém a mesma qualidade durante os anos.
Faustino I Gran reserva é a “cara” da vínicola, é um tinto famoso por harmonizar tanto com carnes como com peixes estilo bacalhau e atum. Passa 26 meses am barricas americanas e Francesas
Tivemos a oportunidade de tomar a primeira colheita deste vinho, um 1964.
Provamos um 2009 também, a colheita mais recente disponível no mercado. Notas de baunilha, cacao e canela, com final ligeiramente doce para um reserva, contemplam este vinho que corresponde a nada menos que 30 garrafas de cada 100 Gran Reserva Rioja vendidos no mundo e que está disponível em mais de 120 países.
Como viram, Rioja é uma “orgia” gastronômica, regada a muito vinho. Por isso é considerada um dos melhores destinos do enoturismo mundial.
Finalizamos Rioja e seguimos viagem rumo a Bordeaux, fiquem ligados!