
A casa da Liliane: gesto expressivo de uma alma livre e contemplativa. Foto: Simone Bobsin, divulgação
O Livre
“O que se usa” ou “o que não se usa”? A influência dos modismos atesta a eficiência das estratégias de incentivo ao consumo que nos chegam a todo momento. As novas criações em design, os novos materiais, as novas cores e novas combinações serão sempre muito bem-vindas. Mas podem ser observadas como novas possibilidades que se juntam a infinitas outras. Nossa liberdade em escolher tem, então, estreita conexão com a percepção que desenvolvemos do nosso próprio desejo, do que nos move. Ser atual é ser verdadeiro – consigo mesmo.
O espontâneo

Muitas pessoas pensam que lares confortáveis e bem decorados são privilégio de quem pode consumir produtos e serviços de alto valor financeiro. Apresento hoje exemplos de lugares acolhedores e belos criados com uma qualidade tão subjetiva quanto comum a todas as pessoas: a intuição sensível. O olhar interessado, inquieto e contemplativo faz buscar e ver belezas em fontes muito diversas: na chama de uma vela, num espinho, num caco de porcelana, numa flor. O senso estético será forjado nas sobreposições dessas experiências de vida e ele pode – e deve – ser exercitado na criação do lugar que o abrigará.
O Genuíno

Uma casa pode contar várias histórias. Primeiro, a de sua construção, depois, a de suas ocupações. A boa arquitetura deve reverenciar o passado, cortejar o futuro e, sobretudo, testemunhar o presente. Uma casa viva tem a energia de quem está ali, e quanto mais presentes seus ocupantes se fazem nela, tanto maior é seu élan, sua beleza singular. A casa como um depoimento de vida será sempre misturada, plural, não-linear, tal como são as trajetórias pessoais. Múltiplas facetas unidas pela autenticidade de quem as vive.
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